OS FAZEDORES DA EDUCAÇÃO
Mais uma turma do Campus XXI da UNEB se formou e eu fiz parte desta história, por isso, conto minha história: um dia sonhei em estudar numa Universidade e para isto, como todos os demais universitários, precisaria antes de tudo ter um ensino médio completo. Havia desistido dos estudos na quinta série do ensino fundamental, mas sonhei, e para realizar meu sonho determinei com todas as minhas forças que concluiria esta etapa e matriculei-me no CPA do Instituto de Educação Regis Pacheco e mãos a obra, ou melhor, olhos nos livros. Conclusão. Vitória.
Contudo, o sonho não poderia terminar pela metade, então matriculei novamente no CPA, mas agora para concluir o ensino médio, neste entremeio entrei num cursinho pré-vestibular, num curso de Língua Portuguesa, Física, além de horas e horas de estudos em grupo na Biblioteca Municipal de Jequié, e enfim, agradeci a Deus por ter um diploma do nível médio de educação. Conclusão. A vitória foi completa, pois, virei o ano como aprovado no Curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia.
No ano seguinte, o sonho não era mais sonho, era realidade. Eu, estudante universitário, euforia, alegria, prazer, eu, era realmente um universitário. Primeiro semestre: medo, expectativa e, sobretudo um novo sonho, sonho de vencer esta nova etapa. Mas, aos poucos esse sonho começou a oscilar. Em determinados momentos pensei em não mais estudar na universidade em outros pensei na conclusão do meu sonho e no pesar dos fatos decidi ser vitorioso e continuei mesmo com as dificuldades, e claro, com a ajuda dos professores José Humberto que por meio de suas avaliações me mostrou que o conhecimento se constrói em parceria. Elisângela que acreditou no meu potencial mesmo com meus textos cheios de erros ortográficos, concordâncias, não criticou destrutivamente, mas sim, observou a dedicação e o conteúdo. Fim de primeiro semestre. Conclusão. Mais uma vitória.
Segundo semestre. Já não sou mais calouro. Mas continuei estudando na universidade. Terceiro semestre. Continua minha vida de aluno universitário. Quarto semestre. CHEEEEEGA!!!!! Não quero mais estudar na universidade. Percebi que estudar na universidade não faria diferença de quem eu era antes de ser universitário ou mesmo depois que me graduasse. Que sonho é esse então? Ser graduado? Em que me ajudaria esse título? Qual seria a diferença para a sociedade em ter mais um cidadão que estudou na universidade? Nenhuma.
Decidi então não mais estudar na universidade, porém, não queria deixa a universidade, confuso não? O que fazer então? Essa era minha dúvida. Mas de uma coisa eu tinha certeza não mais aceitaria ser um estudante como tantos outros estudantes, aceitar tudo e ser considerado um aluno exemplar, ser o aluno tartaruga que recolhe a cabeça para dentro de si mesmo. Precisava mudar minha ideologia política, social, histórica, educacional, precisava mesmo ser uma “metamorfose ambulante do que ter a mesma ideia sobre tudo”.
Diante a este paradoxo deixei de estudar na universidade e passei juntamente com os companheiros a fazer a universidade, a lutar por uma universidade digna, justa e que respeitasse todos os integrantes, que passassem a ver os alunos horizontalmente. Não me tornei o melhor aluno quando passei a fazer a universidade nem tampouco tinha a pretensão de o ser, mas posso afirma por meio de meu currículo que dentro de todas as minhas dificuldades tornei um dos alunos que mais cresceram dentro da instituição: Coordenador DASM, representante discente Colegiado e Departamento, representante discente na comissão de avaliação institucional, além da atuação na primeira semana de Letras da UNEB, primeiro concurso de Poesia Ruy Espinheira Filho, e outros mais.
Como sabemos a mudança incomoda, pois mexe com velhas estruturas e com isso aparecem as pedras no caminho.
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
(Drummond)
“Pedras”, aqueles que no processo de construção do saber e conhecimento impedem o avanço (passagem) tranquila/normal dos fazedores da educação (alunos). ISTO É AVALIAÇÃO?
Contudo, com as pedras também construímos conhecimentos e bons conhecimentos para a vida real.
Seria bestial de minha parte alongar esta produção textual falando das “PEDRAS” e deixar de falar daqueles que agem como mediadores do conhecimento. Daqueles que fazem acontecer.
Isto é, os fazedores da educação: vocês alunos! Que juntos aos seus professores, direção, coordenação e quadro funcional debatemos, criamos, realizamos, produzimos, brigamos, mas ao fim conseguimos aprender a aprender, a si apaixonar pelo conhecimento. ISTO SIM É AVALIAÇÃO!
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